Ele ficava atrás dos prédios de seu condomínio e acima dele reinava uma enorme amoreira.
A amoreira costumava ser bem bonita e majestosa e dava frutos bem gostosos quando estava na época, porém com o tempo ela foi atrofiando-se pela ação de meninos que ficavam se pendurando nela e por erros cruéis de poda cometidos pelo jardineiro.
Mas , sempre que eu passava por ali e a via sentada naquele pequeno espaço que parecia ser um pouco isolado da loucura do mundo , eu conseguia notar a infinidade de coisas que passavam pela sua cabeça, que parecia ser pequena demais para tantos pensamentos.
Ela com certeza era uma das pessoas que não conseguem colocar suas frustrações para fora da maneira convencional.
Porém , sempre que a vejo tenho a impressão de que quando ela pegava um papel e uma caneta...
O mundo começava fluir a sua volta.
Aparentava ser do tipo de menina no qual todos os mais profundos temores e sentimentos afloravam em forma de palavras.
As letras flutuavam acima de sua cabeça numa nuvem de desordem e ela as juntava com satisfação.
As palavras deviam sair como flores de sua mão e caneta.As vezes flores bem bonitas e cheirosas e as vezes bem espinhosas e meio murchas.
A garota devia ser com certeza namorada das palavras. A linha do caderno era como se fosse a linha de sua vida e ela a preenchia como tal.
E o amor das palavras para com ela era possivelmente a única coisa que a aquecia por dentro , afinal , talvez elas fossem as únicas que nunca a deixariam não importa a circunstância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário